- Nº 2240 (2016/11/3)
PSOE dividido permite continuação de Rajoy à frente do governo de Espanha

Milhares contestam<br>investidura do PP

Europa

O conservador Mariano Rajoy do Partido Popular conseguiu ser investido como presidente do governo de Espanha, com 170 votos a favor, 11 contra e 68 abstenções.

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Na segunda votação, realizada dia 29, Rajoy precisava apenas de uma maioria simples, e obteve-a graças à abstenção do grosso do Partido Socialista Operário Espanhol.

Para além do apoio dos 137 deputados da sua bancada, Rajoy teve ainda o voto favorável do partido Cidadãos (32) e da Coligação Canária (1).

Contra a investidura votaram os deputados eleitos nas listas da coligação Unidos Podemos e todos os restantes partidos regionais, nacionalistas e independentistas, aos quais se somaram 15 deputados do PSOE, que quebraram a disciplina de voto, recusando a abstenção.

O candidato de direita vai agora governar apoiado por uma minoria no Congresso dos Deputados, ficando assim dependente dos votos do Cidadãos e principalmente do PSOE.

António Hernando, chefe do grupo parlamentar do PSOE, avisou Mariano Rajoy de que os deputados da sua bancada irão «vigiar cada passo» que este der e que só irão «aprovar iniciativas» que considerem necessárias.

Antes da votação, o ex-líder do PSOE, Pedro Sánchez, renunciou ao lugar de deputado para não ter de cumprir a disciplina de voto e abster-se na votação.

A reviravolta na posição do PSOE foi alvo de severas críticas por parte dos partidos da coligação Unidos Podemos que prometem fazer uma oposição firme a Rajoy. Note-se que desde as eleições 20 de Dezembro de 2015 o PSOE votou sempre contra a investidura de Rajoy, sem no entanto procurar os necessários apoios à esquerda para constituir um governo alternativo.

Oposição na rua

Contra a investidura do PP, milhares de pessoas estiveram concentradas frente ao parlamento e na simbólica praça Porta do Sol, palco de persistentes protestos nos últimos anos contra as políticas de austeridade.

Aos manifestantes juntaram-se deputados do Podemos e da Esquerda Unida, designadamente o seu líder, Alberto Garzón, antes de se dirigirem para o hemiciclo.

Cartazes com a palavra «Não» povoaram a concentração, em que também se viam dísticos com a inscrição «Não à mafia golpista» e o lema da acção «Contra o golpe da mafia, democracia. Não à investidura ilegítima».

Ouviram-se cânticos, repetindo o refrão «Não nos representam» ou «PSOE, PP, a mesma m**** é».